terça-feira, dezembro 16, 2008

Sonho

De acordo com o dicionário, a palavra "estranho" significa desconhecido, que não é usual, curioso, singular, extraordinário, anormal, descomunal, admirável, censurável, repreensível, impróprio, livre, isento, arredio, esquivo. E o sonho que eu tive essa semana foi exatamente assim.

Não me lembro mais dos detalhes da atmosfera nem o que eu estava fazendo, mas sei que a minha mãe estava comigo. E ela me dizia com toda a convicção do mundo, que na minha encarnação anterior - lá pelo século dezoito ou dezenove, pelas roupas - eu tinha tido hanseníase. Quando ela me dizia isso, ela sumia e eu sentia nitidamente a minha pele descamando e caindo, que nem cobra trocando de pele. Aí eu me lembro que pensei: "eu? mas como assim, logo eu?" E bastava eu pensar isso, e eu via meu nariz caindo. Caindo mesmo, que nem um pedaço de massinha que estivesse grudado no meu rosto. Fiquei a cara da esfinge! E aí a minha mãe aparecia do meu lado de novo, eu olhava assombrada pra ela e pegava no meu nariz, como pra conferir que ele estava lá. E então acordei.

Fiquei impressionada com o sonho, confesso. Sentei na cama e vi o Fabrício escovando os dentes. Ele olhou pra mim e disse "ooomm iiiaaa", com a boca cheia de espuma. Eu esfreguei o rosto e falei:

- Bom dia. Nossa, eu sonhei que na encarnação passada eu tive hanseníase e meu nariz caiu.

Ele arregalou os olhos.

- "Q-êêê???"

- É, meu nariz caiu...acho que deve ser por isso que agora ele é tão lindinho, pra compensar...

Aí ele não aguentou. Cuspiu e me olhou indignado:

- Ah, é? Então eu caí inteiro dentro do poço, né, santa?

- Caiu no poço? Uai, por que?

- Porque eu sou lindo inteiro, ora bolas!

Gargalhamos, claro. Aqui em casa quase todas as conversas descambam nisso: em besteira. Eu gosto do malfeito, ele é especialista em piorar todos. E ninguém perde a chance de cutucar o outro.

Mais tarde, falando ao telefone com a própria interlocutora do sonho, contei a ela o lance do nariz caído. Liguei o viva-voz pro Fabrício poder ouvir.

- Hein?

- É, mãe, você me dizia que eu tive hanseníase...aí o meu nariz caiu e eu acordei.

Ela deu risada.

- Deve ser por isso que ele é tão bonitinho agora, né? Pra compensar!

Olhei pra ele e caí na gargalhada.

- Mas mãe, foi EXATAMENTE isso que eu falei pro Fabrício!

- É, mas tem outra interpretação também...

Ele levantou a sobrancelha e ficou prestando atenção, interessado. Eu quis saber:

- É? Qual?

- Que não importa o quanto o nariz seja bonitinho, ele cai um dia!

Fabrício quase caiu da cadeira de tanto rir. E eu tive que dar a mão à palmatória. Do mesmo jeito que declaração de mãe em sonho causa a maior impressão, a interpretação da diaba é que acaba prevalecendo. Depois do telefone desligado, Fabrício vaticinou:

- Rá! Isso é que é sogra!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Moderação

Pessoas, quem lê o blog já há algum tempo, deve ter notado que ele passou por uma fase de comentários moderados. Foi uma fase chata, mas necessária, quando eu precisei restringir determinados comentários que não deveriam ser lidos por todo mundo, para me preservar e preservar também o autor dos comentários. Creio que hoje ele até concorda comigo e está tudo certo.

Passada essa fase, reabri os comentários, inclusive para os anônimos, uma vez que tinha amigos - e inclusive o meu amado namorado - que não conseguiam logar, fosse por causa de erro do sistema ou de bloqueio da conexão. E, além disso, eu sou uma pessoa, em princípio, muito democrática. Desde então eu tenho lido com paciência a spams e comentários de gente sem graça que não entendia a piada, repetindo para mim mesmo que fazia parte, que este era o ônus da democracia e da imparcialidade e que toda unanimidade é burra, e tal.

Entretando, noutro dia, um post da Gabi me fez pensar. Querer ouvir todos os comentários não significa que eu tenho que aturar gente desagradável que não gosta do que eu escrevo e se acha no direito de vir despejar suas suscetibilidades e grosserias nos comentários. Ora, meu amigo, se manque! Este é um blog PESSOAL que reflete as MINHAS opiniões. Não estou pedindo pra você ser meu amigo nem endossar tudo o que eu digo. Mas pelo menos RESPEITO pelo outro você deveria ter. Não gostou, clica ali no X, ó. Não precisa continuar lendo e sequer voltar aqui, será que você consegue entender isso? E HOMBRIDADE você também deveria ter, para não comentar sob a alcunha cômoda de "Anônimo" e assumir em público a sua pequena opiniãozinha. Afinal, quem comenta sempre gosta de jogar tomates, mas raramente quer colocar a bunda na janela pra passarem a mão, né? 

Ufa, chega. Então, pessoas, o lance é o seguinte: a moderação está de volta. Isso não significa que a censura será instaurada, afinal, eu posso muito bem conviver com críticas. Só não posso conviver com desrespeito e engolir gente desagradável e covarde. E tenho dito.

Um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra você leitor identificável e respeitoso e pro meu Anônimo querido, que sempre diz coisas dignas de serem lidas.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Meta-se

Metas não são o meu forte. Não, não confunda metas com sonhos, sonhos eu tenho de sobra. Quando me refiro a metas, estou falando da parte pragmática do sonho - o "como" alcançar o sonho. E quanto mais o tempo passa, mais me convenço de que tem gente que já nasce programado pra traçar metas e ir seguindo, paulatinamente, na direção de alguma coisa, enquanto outras conseguem vislumbrar o final da estrada, mas se atrapalham todas com as pedras do caminho. Meu maior problema, eu já descobri, é que penso em tanta coisa ao mesmo tempo, que às vezes não me envolvo tempo suficiente com as coisas pra conseguir realizá-las - e já estou pensando na próxima coisa. Ironicamente, odeio marasmo e repetições automáticas, mas de tanto equilibrar um monte de bolas no ar ao mesmo tempo, acabo ficando estática, de tão absorta nos meus pensamentos e não realizo nem uma, nem outra.

Para algumas pessoas, metas são algo muito complexo. Além do raciocínio específico e metódico - que eu não tenho - também não ajuda muito o fato de que a maior parte dos atos para se atingir metas acabam sendo justamente os automáticos, os repetitivos, os cansativos e os aborrecidos. Por exemplo, se eu quero comprar um carro, eu tenho que juntar dinheiro. E pra juntar dinheiro, preciso de um emprego. Mas, a maioria dos empregos acaba sendo uma repetição de ações sem fim que, em vez de estimular a criatividade e o intelecto do trabalhador, estimulam a obediência e o conformismo. Ou seja: a ação de comprar um carro se torna necessariamente um sacrifício. Quer outra? Um filho. Pra se ter um filho hoje, começamos com a contabilidade, em vez do sentimento puro e simples. Quanto custa ter um filho? Pré-natal, roupas que me caibam durante a gravidez, enxoval do bebê, o parto, fraldas, fraldas, fraldas, remédios, brinquedos, cadeirinha, um carro maior pra caber a cadeirinha, andador, carrinho, babá ou hotelzinho, escola, roupas, calçados, remédios, video-game, livros, viagens, combustível, comida, porcaritos, sorvete, cinema, jogos, televisão a cabo, internet, cursinho pré-vestibular, faculdade, etc. Aí você conclui que infelizmente não dá pra ter filho enquanto não arrumar um emprego e juntar muito mais dinheiro do que seria necessário pra ter o carro.

Entende o que eu quero dizer? É coisa demais, não cabe na minha cabeça esse tipo de raciocínio. Aí eu fico meio agoniada, porque está justamente na minha hora de encontrar caminhos pra fazer as coisas que eu quero fazer antes que o meu tempo acabe. Já reparou que desde que esse blog existe esse é um assunto recorrente? Droga, virei uma daquelas pessoas que só falam da mesma coisa... Acho que preciso de assessoria especializada (procura no guia médico: psiquiatra).