quarta-feira, abril 29, 2009

Conversa super normal

Lá pelas sete e meia da noite, toca o telefone, é o Fabrício, que, diga-se de passagem, só vai chegar em casa às onze porque hoje é dia de vestir a pele do intrépido professor e fazer showzinho na faculdade. Sim, showzinho, porque em se tratando dele, meu amigo, isso sequer cai na corriqueira e recorrente classificação de exagero da Lívia. Acredite. Ô, homenzinho...

Bem, mas toca o telefone:

- Morena?
- Oi, meu amor.
- Por que você demorou a atender o telefone?
- Porque eu tava tentando tirá-lo de dentro da minha pasta...
- Humm...
- Colou?
- Não, mulher, vão ser 60 chibatadas quando eu chegar em casa!
- Humm...oba!
- Opa! Não desvirtua o assunto não!
- Tá, e o que é que você quer, então?
- Quero saber se você me ama... (imagine o tom de voz mais safado do mundo)
- Amo sim. E por isso eu tenho que fazer...
- Ô, mulherzinha esperta, me mata de orgulho!
- FALA LOGOOOOO!
- Ta bom, ta bom...Morena...será que você pode me alimentar quando eu chegar em casa?
- Te alimentar? ahahahahhaha...Depois não quer que eu te chame de Rex, né?
- Pô, mulher, eu to aqui, todo vulnerável, sendo sincero e você me sacaneia?
- Ok, ok...o que você quer?
- Eu tava pensando...você podia fazer um pãozinho pra mim...
- Sei...
- E aí eu podia pegar aquele franguinho que você fez no almoço...
- Ahã...sei...Ó, o pão pode até sair, mas o franguinho não tá fácil assim, não, viu?
- Ah, Morena, tá sim...Franguinho, galinha...Galinha é tudo fácil...
- FABRÍCIO!!!!
- Mas Morena...
- Vou fazer o pão. TCHAU!

Cinco segundos depois, o telefone toca de novo. Eu atendo rindo, já imaginando a merda que vem de lá.

- Oi, que foi agora?
- Morena, isso merecia ir pro blog, né não?

Gargalhadas. Desligamos sem dizer mais nada. Essa casa é um hospício, esse homem é um descompensado e eu fico na dúvida se estou internada aqui ou se estou tomando conta da porta pra ele não fugir...

domingo, abril 12, 2009

Cresça

Gostaria de saber se algum dia eu vou poder me livrar da fatídica pergunta "o que você quer ser quando crescer?" e suas várias variáveis. O que eu quero ser? Afinal, eu tenho que querer ser alguma outra coisa que não isso que eu sou agora. Do contrário, estou morta, não estou indo pra lugar nenhum e nem realizando nada novo ou digno de reconhecimento. Aliás, é engraçado: eu tenho que querer crescer e tenho que querer fazer alguma coisa quando estiver crescida. E se eu não quiser? Ou se não tiver a menor idéia do que poderia porventura fazer quando finalmente me tornasse uma mocinha crescida? Sabe, o que mais impressiona é que nunca nada é suficiente. Nenhum esforço, nenhuma quota de sacrifício, nada. Tudo não passa de contingências, de consequências necessárias que sequer merecem menção. Ora, não quis? Aguente! Ora, não escolheu? Lide com isso da melhor maneira que souber. E se não souber, invente. De qualquer forma, se vire. É isso que se espera, é isso que se deve fazer. E claro, não se esqueça de arrumar um rumo para onde ir enquanto isso. Um rumo respeitável, ressalte-se. Não pense que idéias e atitudes prosaicas serão toleradas ou aceitas - elas não serão. Vai, pense grande! Não importa se você não quer, se você não sente necessidade. Você tem que sentir, oras! É natural, é lógico, é inevitável! Anda, cresça. Está na hora. E não venha me dizer que isso violenta a sua natureza, isso não existe. Até criança responde isso, até criança é capaz de tecer um sonho pra perseguir. Mas que seja um sonho prático, castelos de areia também não serão tolerados. Aqui o negócio é duro, minha filha. Vai, se adapte, se esforce, corra atrás. Eu tenho certeza que você vai acabar gostando, que você, um dia, vai se descobrir querendo também. Só precisa começar. Vai.

quarta-feira, abril 01, 2009

Primeiro de Abril

Hoje Fabrício e eu completamos um ano de relacionamento. Não de namoro, porque a gente já mora junto há oito meses, então meio que já transcendemos isso. Além disso, o Luís Fernando Veríssimo diz, com muita propriedade, que as pessoas passam de namorados a amantes quando fazem sexo um com o outro durante dois anos ou dezessete vezes consecutivas, o que vier primeiro...então... *assovia e faz cara de paisagem*...Por outro lado, minha chefe diz que quando a gente "come um pouquinho de sal juntos", ou seja, passa por problemas juntos, não é mais namorado, já está mesmo é casado. Bem, são muitas teorias, né? Em todo o caso, acho que em se tratando de nós, continuaremos namorados por muito tempo ainda. Nunca vi duas pessoas pra serem mais bestas do que a gente. Não sei se somos bestas mesmo, ou se isso é influência um do outro...o fato é que hoje completa um ano que essa conversa aconteceu, e eu tenho a sensação que temos piorado sensivelmente com o passar do tempo, sabe?

Hoje será um dia meio cheio, então resolvemos comemorar ontem mesmo. Ele saiu mais cedo do trabalho, foi me buscar no meu e viemos pra casa. Ficamos um tempo nos curtindo, coisa que o corre-corre cotidiano acaba dificultando, ou pelo menos diminuindo...aí fomos jantar. 

Cara, um parênteses: se você vier a Brasília e gostar de sushi, você TEM que ir ao Sumô, na 204 Sul...aquilo é o paraíso do peixe cru!...rs

Bom, mas voltando...jantamos muuuuito bem, ficamos no restaurante conversando um tempão depois, rindo, fazendo planos, trocando idéias...engraçado, com o Fabrício é sempre assim. Mesmo quando ele está agoniado com alguma coisa, preocupado com algum problema, ele nunca se cala e fica alheio...sempre dá um jeito de me incluir, de me trazer pra dentro do mundo dele, deixando claro que eu ocupo um lugar bem no meio dele - como ele ocupa no meu.

Saímos do restaurante e paramos no posto pra abastecer o carro. Enquanto ele cuidava de assuntos práticos do lado de fora, eu me senti daquele jeito meio "amo o mundo inteiro", sabe? Catei o telefone e mandei um "te amo" pra duas amigas queridas, pra minha mãe e pra ele. Ele voltou, deu partida e me olhou com estranheza enquanto dirigia:

- Hein?
- Hein o que?
- Por que você me mandou mensagem se podia ter me dado um beijo ao vivo?
- Ah, é que eu mandei essa mensagem pra Nayra, pra Déia, pra Mamis e aí resolvi mandar pra você também...

- O QUE? Quer dizer que nós estamos aqui, em plena comemoração do nosso aniversário, você resolve amar o mundo inteiro e ainda me joga no meio do bolo, como se eu fosse um qualquer???

Ele gesticula enquanto fala parecendo que não precisa das mãos pra dirigir.

- Mas...
- Nããão, eu tenho certeza que você nem ia mandar nada pra mim e resolveu incluir meu nome no final, assim, já que não tava fazendo nada e eu tava ali, dando bobeira...

Eu comecei a gargalhar, ele seguiu impávido no discurso:

- Aliás, essa comemoração de repente perdeu todo o significado! Esse jantar tá até me fazendo mal, me sinto conspurcado!

Eu rolava de rir. Ele arrematou:

- Eu vou vomitaaaaaaaaaaaaaaaaaaar! - e começou a rir também.

Depois de alguns minutos de riso, ele considerou:

- Pronto, agora você pode colocar esse diálogo no blog..."Aniversário de Namoro"...olha que romântico!
- Ah, querido, nem dá pra colocar isso lá...

Ele estaciona o carro e descemos.

- Por que?
- Porque, meu amor, mesmo que eu seja muito hábil na escrita, das duas uma: ou as pessoas vão achar que você é um monstro bruto sem romantismo e eu uma idiota por estar com você, ou vão achar que esse "vomitaaaaar" tem mais viadagem do que deveria e que eu continuo sendo uma idiota!

- Agora eu vou vomitar meeeeesmo! NO SEU PÉ!
- SAI PRA LÁ, FABRÍCIO!!!!
- Nãããão, vem aqui, vai ser um vomitado romântico!!!