Lá pelas sete e meia da noite, toca o telefone, é o Fabrício, que, diga-se de passagem, só vai chegar em casa às onze porque hoje é dia de vestir a pele do intrépido professor e fazer showzinho na faculdade. Sim, showzinho, porque em se tratando dele, meu amigo, isso sequer cai na corriqueira e recorrente classificação de exagero da Lívia. Acredite. Ô, homenzinho...
Bem, mas toca o telefone:
- Morena?
- Oi, meu amor.
- Por que você demorou a atender o telefone?
- Porque eu tava tentando tirá-lo de dentro da minha pasta...
- Humm...
- Colou?
- Não, mulher, vão ser 60 chibatadas quando eu chegar em casa!
- Humm...oba!
- Opa! Não desvirtua o assunto não!
- Tá, e o que é que você quer, então?
- Quero saber se você me ama... (imagine o tom de voz mais safado do mundo)
- Amo sim. E por isso eu tenho que fazer...
- Ô, mulherzinha esperta, me mata de orgulho!
- FALA LOGOOOOO!
- Ta bom, ta bom...Morena...será que você pode me alimentar quando eu chegar em casa?
- Te alimentar? ahahahahhaha...Depois não quer que eu te chame de Rex, né?
- Pô, mulher, eu to aqui, todo vulnerável, sendo sincero e você me sacaneia?
- Ok, ok...o que você quer?
- Eu tava pensando...você podia fazer um pãozinho pra mim...
- Sei...
- E aí eu podia pegar aquele franguinho que você fez no almoço...
- Ahã...sei...Ó, o pão pode até sair, mas o franguinho não tá fácil assim, não, viu?
- Ah, Morena, tá sim...Franguinho, galinha...Galinha é tudo fácil...
- FABRÍCIO!!!!
- Mas Morena...
- Vou fazer o pão. TCHAU!
Cinco segundos depois, o telefone toca de novo. Eu atendo rindo, já imaginando a merda que vem de lá.
- Oi, que foi agora?
- Morena, isso merecia ir pro blog, né não?
Gargalhadas. Desligamos sem dizer mais nada. Essa casa é um hospício, esse homem é um descompensado e eu fico na dúvida se estou internada aqui ou se estou tomando conta da porta pra ele não fugir...