terça-feira, julho 15, 2008

Tempo de Crescer

Acredite se quiser, eu comecei esse post escrevendo a letra de "Vinte e Poucos Anos" do Fábio Jr. É mole ou quer mais? Mas nem foi por causa do "mimimi, quero saber mais do que meus vinte e poucos anos", não. Quando essa maldita tela branca olhou pra mim, eu comecei a pensar em tudo que tem acontecido nos últimos dias - que tem me impedido de atualizar o blog condignamente - e acabei na frase "tempo de crescer". Pronto, já viu, né? Pruma criatura que pensa no dedo do E.T. aceso quando mandam "imaginar uma luz", era inevitável associar a frase imediatamente com trilha sonora, não importa que seja velha e brega.

No último mês muita coisa aconteceu. Eu pedi demissão, meti o pé na estrada, procurei emprego no jornal, cogitei entre vestibular, especialização e mestrado, trabalhei numa campanha política, fiz entrevistas, estudei pra caramba e to me preparando pra mudanças bruscas na minha vida.

Emocionalmente, nunca estive mais feliz.
Financeiramente, já estive mais quebrada.
Profissionalmente, estou na expectativa.

As coisas têm caminhado, parece que vão finalmente pra algum lugar. Talvez seja o famigerado "primeiro passo" rompendo a inércia e coisa e tal. Não sei. Sei que tenho esperança, muita. E muita vontade de batalhar. Menino, to numa gana! Uma vontade de me colocar à prova, de meter a cara, sabe? Uma coisa que nem Leônidas na beira do penhasco gritando "Spartans! Tonight, we dine in heeeeeeeell!!!!!" E eles respondem com um brado de guerra, uma explosão de coragem, de fúria, de determinação. É meio assim que eu to me sentindo. Aliás, se estivesse podendo, ia até vestir uma roupa de Valkíria estilo "Charmed". Mas, como não é o caso, só posso pedir que acreditem na declaração solene de que o meu espírito está deveras guerreiro. Se bem que, considerando os lugares por onde eu tenho andado e as pessoas com que tenho convivido, receio que não me manterei nerd sedentária pura e intocada mais por muito tempo.

Pra vocês terem uma idéia da gravidade da coisa, sábado retrasado eu fui "dar apoio" prum atleta no Brasília Multi Sport. Minhas senhoras e meus senhores, aquilo não é coisa de Deus. E você aí, incauto que vê o mundo cor de rosa e pensa "ué, que mal tem dar um apoio pro cara? todo mundo precisa de apoio moral", não sei nem começar a te dizer O QUANTO você está enganado. Dar apoio, saibam vocês, pessoas que não "fazem pedal", nem trilha, nem corrida no mato ou no asfalto, ou remam no lago e corredeiras abaixo, é algo muuuuuuuuuuito mais complexo. Trata-se de acordar às cinco horas da manhã num frio do cacete, ir pro meio de um monte de gente revoltantemente malhada, queimada de sol e animadinha a uma hora obscena daquelas. Dada a largada, os atletas saem correndo feito doidos e você vai pra próxima parada da prova, onde tem mais uma porrada de gente malhadinha, queimada de sol, revoltantemente animadinha e que falam uma língua específica da tribo deles. Aí, depois de duas horas na beira de um lago esperando os coitados chegarem remando, você pega um caiaque imenso, amarra no carro e leva pro próximo ponto da prova, pra onde os atletas estão indo de bicicleta. Chegando lá, você coloca o caiaque de volta na água, dessa vez pro cara descer a corredeira. Aí pega a bicicleta, amarra no carro e leva pro próximo ponto da prova, onde você fica horas esperando o coitado chegar correndo do meio do mato, pra pegar a bicicleta de novo e pedalar de volta pro local da largada. Tem mais alguém aí disposto a defender o "apoio moral"?

Ok, eu estava na melhor companhia do mundo, com quem eu poderia ir até pro inferno, achando bom e dançando rumba. Mas que cansa, cansa. E dá uma sensação muito ruim ver todas aquelas mulherzinhas bronzeadas de pernas torneadas em shortinhos curtinhos e sentir na pele que você não é assim. Por outro lado, dá uma sensação muito boa ver que o cara que você gosta é capaz de ajudar não só os amigos dele, como também gente que ele não conhece, com a mesma simplicidade, com o mesmo sorriso. (...)

É, no balanço das coisas, acho que eu tenho tido mais sensações boas que ruins. Ou, se não, pelo menos eu só to conseguindo me lembrar das boas, agora. Será que crescer também significa fazer menos drama? (pensa)

Acho que não. Rá.