terça-feira, julho 20, 2010

Decoração - ou TOP CINCO livros

Minha casa está um caos. Veja só, mudamos há dois meses para este apartamento de dois quartos e 65 m2 depois de termos morado durante um ano e meio num outro de 25 m2 (menino, e você achou que precisaria ir pro Japão pra ver uma micro-casa, né? Que nada! Bem vindo ao Distrito Federal, o lugar do metro quadrado mais caro fucking ever!) e adivinhe: os móveis que a gente tem não cabem aqui! Sim, pasme. Achamos que não seriam suficientes para ENCHER a casa, mas por algum motivo obscuro além da imaginação os móveis não cabem direito. Um armário é muito largo, o outro é muito alto, de repente temos mais livros do que prateleiras para enfiá-los...

Ok, aqui vai um dos meus famosos parênteses. Sim, temos mais livros do que prateleiras, não se trata de mero exagero da parte desta "Drama Queen" que vos fala. Isso porque, além de dramática, eu sou VICIADA em livros. Quer me deixar contente? Me dê um livro! Quer me ver tolerar uma fila bem comprida? Me dê um livro! Quer me ver calar a boca e te deixar ver o namoro-dos-animais-selvagens na TV? Liiiiivro! E ultimamente eu tenho adquirido vários e uns realmente excelentes. Por falar nisso, aqui vai um top cinco relâmpago! Hein? O post é sobre a decoração da minha casa? Ah, é verdade. Mas não interessa, eu não to medindo o post com régua, daqui a pouco eu volto ao assunto. Ou não.

Então, TOP CINCO LIVROS que eu li nos últimos dois meses e que valem a pena, people!

Um livro fofo. Não, pera lá. Essa descrição é horrorosa. Um livro...doce. (Putz, o que está acontecendo com você, criatura? Vamos, uma mini-resenha decente, pelamordedeus!) Este é um livro aconchegante. Alguém de vocês cozinha? Bem, não importa muito, porque todos vocês, com certeza, comem. E se parecem comigo ao menos um pouco, sente que comida é uma forma de expressão e pode ser tremendamente delicada e deliciosa. Isso, esta é a classificação de Escola dos Sabores: um livro delicado e delicioso sobre uma turma super-heterogênea de pessoas que se reúnem num curso de culinária e, usando este foco, a autora te conta a vida de cada um deles de um jeito cativante e irresistível. Vale a pena, um livro barato (R$ 24,90 na Livraria Cultura), divertido e tocante.

Desde o lançamento de Shrek (o primeiro), que eu não vejo um texto dirigido ao público infanto-juvenil tão irônico, inteligente, debochado e excelente assim. Soluço Spantosicus Estrondus III é um anti-herói da tribo vicking dos Hooligans Cabeludos. O dragão dele é um safado preguiçoso, egoísta, autoindulgente, subornável, nada assustador e simplesmente hilariante. Dois livros maravilhosos, baratos (R$ 15,92 na Livraria Cultura - cada um) e eu to ansiosa para ler os próximos livros da série!

Um dos livros mais sensíveis que eu já li. Anos cinquenta, pós-segunda-guerra na Inglaterra, os jovens reaprendendo a viver sem racionamento, sem morte, sem medo, mas ao mesmo tempo, ainda à sombra de tudo isso. Um livro que consegue te transportar de volta à época em que você ainda era inocente e pensava que o mundo era de outro jeito, um livro capaz de botar o cinismo dos nossos dias de lado durante deliciosas horas de leitura. Um livro ainda barato, embora menos que os outros dois (eu to numa vibe econômica ultimamente e adotei a seguinte filosofia: se eles forem baratos, eu posso comprar MAIS), que custa R$ 35,93 na Livraria Cultura, e que realmente vale a pena ser lido.

Bom, não podia faltar, né? Nosso amado Hugh Laurie estréia na escrita com um romance policial hilariante, que me arrancou boas risadas. O cara é foda também quando segura a caneta, minha gente. Thomas Lang é um pseudo-detetive politicamente incorreto que se ferra MUITO nesse livro, mas consegue pontuar tudo com raciocínios fantásticos e tiradas ótimas. Livro realmente muito bom, recomendo muito, folks! Principalmente se vocês, como eu, conseguirem comprá-lo numa promoção doida na FNAC, por R$19,90. (...) ahahahahahah...puta merda, eu fui fazer o link no site da FNAC e descobri que paguei sete reais a mais na loja do mundo real!!!

E, para fechar em grande estilo, senhoras e senhores, o mestre. Veríssimo quase derruba a gente da cadeira com este fantástico "Os espiões". Com personagens surreais, teorias mirabolantes, diálogos fantásticos e estilo absolutamente hilário, Luis Fernando Veríssimo se supera neste livro, vale DEMAIS a pena. (só pra constar, R$ 22,30 na FNAC)

E agora meu tempo acabou, eu volto ao assunto da decoração no próximo post, prometo. See ya.

sexta-feira, julho 16, 2010

Presente

Engraçado, já se passou quase um mês do meu casamento e hoje teve gente que começou o dia me fazendo chorar tudo de novo. Pelamordedeus, desse jeito eu vou ficar enrugada e vou ter que comprar um rolo de macarrão, um punhado de bobes de cabelo e um creme de pepino pro rosto, pra encarnar a megera que bate no marido que chega tarde em casa! Afe!

Mas, para quem tiver curiosidade, ESTE AQUI foi o meu casamento. E Andréa Paes é a fotógrafa mais talentosa do mundo, ouça quem tiver ouvidos de ouvir.


domingo, julho 04, 2010

Praticamente autista

Ontem tentaram me convencer que sou autista.

Nós resolvemos fazer um "programa de adulto" o que, traduzindo, significa sair à noite no sábado, coisa que eu NUNCA faço... Ok, isso soou meio looser demais, vou explicar.

Eu detesto ajuntamento de gente. Multidão, barulheira, falar aos berros, pegar fila, realmente não estão no topo da minha lista de "coisas que eu estou disposta e gosto de fazer". Não, obrigada. Quando eu estava em Uberlândia, uma cidade com 800.000 habitantes, ainda era possível ir pra algum lugar que, não obstante tivesse gente, não tinha gente-pra-caralho. Mas aqui em Brasília, a coisa muda consideravelmente de figura. Entre mais de 2.500.000 de habitantes, não existe lugar pra estacionar o carro, todos os lugares a que se vai tem lista de espera (um dia eu vou escrever detalhadamente sobre como eu ABOMINO e sou INCAPAZ de lidar com listas de espera na porta de restaurantes/bares/lanchonetes/e afins), existe uma quantidade absurda de adolescentes nessa cidade - talvez porque com a quantidade de funcionários públicos que tem aqui as pessoas se sintam livres para procriar com segurança financeira ou talvez porque mesmo as pessoas adultas se comporte como se adolescentes fossem, vai saber, né? - e, pra piorar, a qualidade do serviço cai demais em lugares muito cheios.

Então, desculpem, eu não saio no sábado à noite. Porque eu não to "na prateleira", como diz o Fabrício, porque eu não tenho necessidade de "ver e ser vista", porque eu gosto muito mais de tomar um vinho em casa ou na casa de amigos do que encher a cara na rua, e porque eu tenho muita coisa boa pra fazer em casa, como cozinhar, assistir a bons filmes, ler bons livros e cuidar com afinco da minha vida sexual. *pisc*

Então, voltando. Ontem nós resolvemos fazer "programa de adulto" (aham) e saímos no sábado à noite. Fabrício, eu, Marcus e Maíra. Pausa para falar de Marcus e Maíra. Ok, este será um post cheio de pausas, pelo visto, mas não dá pra simplesmente falar desses dois sem apresentá-los.

Marcus e Maíra são um casal de amigos nossos que costumamos ver frequentemente. Maíra é procuradora da Fazenda Nacional e está com o saco tão cheio daquilo que entrou prum curso de Literatura Russa pra "desanuviar". Como se Dostoiévsky ajudasse alguém a deixar a cabeça mais leve. (um revirar de olhos) Maíra é faladeira, extrovertida e super adepta de ligar para SACs e fazer reclamações veementes. E é a pessoa mais adoravelmente sem noção que eu conheço. Ela diz o que ela pensa na sua cara sem pesar as consequências e você precisa se lembrar de que ela é "A Maíra" e encarar como piada. Um dia ela me disse na cara que eu tenho um gosto cinematográfico duvidoso (oh, Deus, dai-me forças!), noutro dia ela disse que eu tenho paladar de cachorro (porque eu consigo identificar a maioria dos ingredientes que tem na comida), e também me disse que a minha casa é fictícia e que eu moro no carro (porque eu nunca tinha trazido ela aqui). Ontem ela disse pro Fabrício que os lóbulos da orelha dele são esquisitos e colados na cabeça, o que é claramente um indicativo de que o sujeito é um praticante de magia negra. Enfim, Maíra, senhoras e senhores, se eu continuar a lista, mudo o tema do post e falo só dela.

Marcus, por outro lado, é minha alma irmã, tanto que a Maíra está seriamente convencida de que sofremos da mesma doença, talvez uma forma leve de autismo, sei lá. Marcus é doutor em Direito Constitucional, professor universitário e alterna entre a expressão facial mais séria do mundo e uma outra, desdenhosa, que usa quando está se divertindo internamente com alguma ironia-contradição-idiotice que ele tenha detectado no mundo ao redor. Ele não gosta de pessoas, é o terror dos alunos dele porque ele exige que eles façam "raciocínios elementares, oras!", é enjoado com comida e sacaneia a gente (Fabrício e eu) sem dó nem piedade. Na verdade, quando a Maíra disse que a nossa casa era fictícia, foi ele quem completou dizendo que morávamos no carro. Pior: eles foram meus padrinhos de casamento e agora sempre que o Marcus atende ao telefone ou nos encontra, ele sai com um "não vai pedir a bênção do Dindinho?". Filho da Puta. E EU ANDO COM ESSAS PESSOAS.

Mas, enfim. Saímos ontem à noite, Fabrício, Marcus, Maíra e eu pruma coisa prosaica, sabe, meramente comer um hambúrguer e tínhamos duas opções de lugar: o Respeitável Burger e o Genaro. Por votação - eu perdi por três a um - fomos primeiro para o Respeitável. LOTADO, com um monte de gente esperando e sem sinal de ninguém levantar das mesas. Adivinha se eu concordei em esperar? Passei a mão no telefone e liguei no Genaro. "Alô, tá cheio aí?" "Está". "Tem gente esperando?" "Só um casal". "Dá pra reservar mesa?" "Dá". "Então reserva aí que estamos chegando em dez minutos".

Bora entrar no carro e tocar pro Genaro. No caminho, bateu a dúvida:

Marcus: - Qual é mesmo o endereço, gente?

Lívia: - Ih, não sei, não. Fabrício, cadê o IPhone pra gente ver na internet?

Fabrício: - Deixei em casa carregando...

Maíra: - Ué, pega o telefone e liga lá pra saber, oras!

Lívia: - Nem morta. Liga você.

Maíra: - Mas por que?

Lívia: - Eu já estourei minha cota de falar no telefone hoje.

Maíra: - Credo, gente, que pobreza! Pega aqui meu telefone, pode ligar!

Nisso o Marcus e o Fabrício, que já tinham entendido, já estavam rindo.

Lívia: - Não é pelo dinheiro, Maíra... Ai, ai, Fabrício, explica pra ela?

Fabrício: - Ela não gosta de falar no telefone, Maíra. Como ela já ligou pra lá hoje uma vez, e SOZINHA, sem ninguém pedir, já foi esforço demais, entende? Acabou a cota.

O Marcus ria. A Maíra virou pra me encarar de olho arregalado:

Maíra: - Cê tá me gozando?

Fabrício: - Não. Ela chega ao cúmulo de escolher a pizza, buscar o telefone, discar e me passar o aparelho pra eu falar. Aí ela arruma os pratos, os talheres, os copos, os guardanapos, abre a porta quando toca o interfone e se esconde quando eu abro a porta pro entregador...

Maíra: - Menino, mas é a mesma doença do Marquinhus!!!!!! Tadinha!!!!

E seguiu tagarelando sobre o meu autismo e sobre Síndrome de Asperger...Não teve um episódio do House em que eles cismaram que ele tinha isso?? Eu mereço, Deus.