Eis que chega a minha vez de fazer o fatídico post de carnaval. Inevitável, mas nem por isso, simples. Seria muito mais fácil se tivessem me carregado prum lugar intragável e eu pudesse fazer um post inteiro reclamando contra a estupidez e o mau gosto da humanidade. Algo assim, hilariante. Mas, não. Fui parar numa casa com cinco outros blogueiros, num lugar que tinha mar, sol, camarão e quase nenhuma música característica de carnaval. Ou seja, pra virar o paraíso, só se tivesse ar condicionado na casa e a gente ainda estivesse lá. Por causa disso, terei que fazer esforço pra evitar o mimimi. Whatever.
Na sexta-feira à meia noite, meus tios passaram pra me pegar. Como eu tô acostumada a ir pra SP de ônibus, mal acomodada, fazendo milagres pra dormir, meus olhos se encheram: um Corola novinho, com ar condicionado e bancos de couro com bastante espaço pra eu me esticar, sem ter que me preocupar se algum maníaco ia me apalpar no escuro ou roubar a minha bolsa. Acomodei a mala no porta malas e tomei o banco traseiro. Tirei os tênis, abracei o travesseiro, dei um sorrisinho e fechei os olhos, pronta pra dormir horrores. E de repente, um susto: assim que o carro começou a rodar, começou a tocar BRUNO E MARRONE no som, num volume que passava muito longe da decência.
Cara, fala sério, né? Quem em sã consciência e de cara limpa consegue dormir ao som de "eu vou fazer um leilão, quem dá mais pelo meu coração"? Ou "do jeito que você me olha, vai dar namoro"? Putaquemepariuderodinhas, viu. A minha noite de sono foi por água abaixo, já que a coisa tocou até às quatro e eu devo ter cochilado no máximo uma meia hora.
Cheguei em São Paulo meio catatônica, sensação que o Junior compartilhou, já que teve que levantar às seis da madrugada pra ir me buscar. Mas nem deu tempo de descansar, porque tinha um monte de coisas pra arrumar antes de pegar a estrada e não eram onze e meia, o Júlio apareceu porta adentro. Toca carregar o carro e bóra pro...EXTRA. Que foi até rápido, segundo o Junior porque eram DOIS homens e UMA mulher. Cretino.
Finalmente pegamos a estrada, ao som do celular do Júlio que apitava toda hora com mensagem da Mônica querendo saber aonde a gente tava. Pegamos a rodovia e surgiu a questão, suscitada pelo Junior: "Vocês querem ir pelo caminho mais longo que tem uma vista muuuuuito bonita ou pelo caminho mais curto, que não tem vista nenhuma"? Que pergunta, né? Eu e o Júlio respondemos em uníssono: O MAIS CURTO!!!! Ele fez uma cara de "como vocês são sem graça!" e acabou se confundindo - esta é a versão do réu - e pegando, adivinhem, o caminho mais longo.
O tal caminho longo tinha mesmo umas praias lindas pra ver do alto. E tantas curvas que eu lamentei não ter dado remédio anti-enjôo de cachorro pro Júlio, quase levei um "hugo" na nuca. Passamos por Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty e, por fim, Tarituba. Pelo caminho, o axé e o forró dominavam, revoltantemente altos, com direito a mulherada seminua dançando em cima de mesas e carros e homens estranhos com bermudões imensos que cobriam o joelho e mostravam o cofrinho. Cruz credo.
O caminho foi proveitoso pra cunhar duas teorias brilhantes, as duas do Junior, é claro. A primeira, "dignidade está em conseguir limpar a própria bunda" - o Júlio foi ao delírio ao ouvir isso, até anotou, o Platãozinho. Não me perguntem o contexto, afinal de contas, já tomei muito sol na cabeça, umas doses de pinga, cerveja e até uma margarita depois disso. A segunda teoria, e essa sim eu lembro da onde saiu, é: "todo proprietário de Honda é um bosta". Explico: toda vez que tinha um maldito carro segurando o trânsito, não dando passagem e fazendo merda, dito e feito, era um Honda Civic. A regra admitiu as seguintes observações: "ah, que merda, o sonho do motorista daquele Tipo ali na frente é ter um Honda!!" e "o único carro da Honda que constitui exceção à regra é o FIT, que é carro de pobre".
A viagem transcorreu sem incidentes, afora o fato de o Júlio quase ter sido expulso do carro quando perguntou pro Junior se a gente tava andando em círculos porque a praia que ele tava vendo lá embaixo parecia a mesma vista por ângulos diferentes. Foi um custo defender o Cabeça. Finalmente (eu já me sentia desfalecer), chegamos. Vilarejo de pescadores com uns dois barezinhos, restaurante do Fran's, mercadinho, duas igrejas e nada mais. Casa pé na areia, finzinho de tarde, sem axé nem forró e uma ducha fresquinha me esperando. Quase chorei. A noite chegou rápida, eu bati na cama e só acordei às sete do dia seguinte. Passei pela sala tentando não fazer barulho, afinal a Gabi e o Eric tinham chegado às duas madrugada e estavam lá, estirados, babando. Ah, minto, o Eric tava babando, a doida da Gabi tava acordada, pulou do colchão e me deu um super abraço de Felícia. Tinha começado o carnaval.
Agora, pra não virar querido diário de carnaval, cito apenas os casos mais interessantes:
- Alguém já viu a Gabi acordando o Eric? (aqui uma pausa pela crise de riso que me deu só de lembrar da cena) Ela é uma pentelha de marca maior e ele é um comerciário preguiçoso de gabarito. Ou seja, o embate é feio, mas ela SEMPRE ganha, mesmo ele gritando, se debatendo, grunhindo ameaças, se fazendo de morto. Nada adianta. Aliás, eles são o casal perfeito: o Calvin e o Haroldo. Claro, ele é o Calvin, ela o Haroldo.
- Tentamos de todo jeito enterrar o Júlio na areia, eu e o Eric até cavamos o buraco, mas ele se recusou terminantemente a deitar dentro dele. Mesmo com ameaça da Gabi e do Junior, nada surtiu efeito. Mas ele nadou, minha gente. Eu juro. Em vez de ficar gritando que nem menininha na margem quando a água pegava no tornozelo dele, a Mônica foi levando o moço cada vez mais pra frente e, com beijinhos ele não se importou com a água pegando no peito. Incompreensível, né?
- Fomos pra Almada, a praia no fim da ladeira - em território paulista. Petiscos ótimos, borrachudos vorazes (ai) e obra da Odebrecht na areia. Eu e Eric cuidamos do fosso e dos dutos de escoamento de água, Gabi e Júlio construíram as torres. E o tempo todo tivemos que proteger o castelinho do Godzilla de Sunga que ameaçava pisar nele de dez em dez minutos.
- Um siri mordeu no pé da Gabi.
- A Mônica fez um jellyshot de pinga com gelatina de cereja que envenenou todo mundo.
- Perdemos a Gabi em Paraty, porque a Porpeta foi servir de intérprete pruma turista numa loja de artesanato.
- Eu e o Ju comemos parrillada de frutos do mar...ai que lagosta boa!
- Comemos todos os porcaritos (ruffles, doritos, cheetos, etc) possíveis.
- Nadamos no escuro na última noite e os camarões ferroaram todo mundo.
- Acordamos na quarta feira de madrugada pra voltar antes da hora por causa do Júlio.
E o mimimi, pra encerrar: pessoal, amo vocês. Tô com saudades.
7 comentários:
Também te amo, preta.
E o siri passa bem, eu dei um abraço nele depois.
E você esqueceu de mencionar que meu método despertador alterna beijinhos, chutes, tapas, cafuné e óleo fervendo. (hum)
Aí... deu vontade de ter ido. Mas, na boa, não troco a minha filhota por nada!!!
AH! em julho ela vem para cá!!! =))))
Hilário!
Mas faz tempo que me incluí fora de programas desse tipo.
KD LILHÁ?
Lil, isso era mantra!
:wub:
"Fui parar numa casa com cinco outros blogueiros," e mais 2 não blogueiros! /hunf.
Ah! E pelo que me lembro, não era só a água pegando no peito /heh
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