Pessoas, hoje eu cheguei a uma conclusão tenebrosa: felizes eram as mulheres de antigamente.
Não, calma, isto não é um manifesto nem machista e nem feminista. Eu odeio feminismo (aliás, odeio quase toda manifestação de radicalismo - o que não deixa de ser a minha própria maneira de ser radical) e também odeio machismo, embora tenha uma leve tendência pra este último - tem piada melhor do que as que satirizam o universo feminino, principalmente carregada de maldade, de chauvinismo? Sei lá se tem, sei que essa é uma maneira garantida de me fazer rir, a menos que eu esteja puta com algum ente do sexo masculino. Aí...
Anyway. Este não é uma defesa a nenhum direito, dever, garantia e o caraleo que se possa pensar pela introdução. Não. Isto é apenas uma coisa: uma expressão da meu mais novo hobby: RECLAMAR. Não dizer: oh, vida, oh azar. Não, isso não é comigo, reclamação é uma coisa, lamúria é outra. O que eu gosto é de elaborar construções mentais baseadas em argumentos mirabolantes por causa de...nada.
Retomando minha tese: mulheres felizes eram as de antigamente. Provavelmente você já está imaginando que é porque não trabalhavam fora, não tinham que pagar as contas, não tinham que ser auto-suficientes, tinham cintura e curvas em vez de barriga reta e quadril esquelético e mais uma penca dos motivos tão alardeados todos os dias por aí. Mas não, não se trata de nada disso. Não estou com o menor saco de elaborar nada tão complexo como a situação da mulher no mercado de trabalho, a solidão de ter que se virar antes de ter sossego pra constituir uma família, a frustração com o próprio corpo, e etc. Aliás, o motivo da minha constatação é muito simples: antigamente, as únicas coisas que passavam pelas vaginas das mulheres eram pênis e filhos. E nada mais.
Não, eu não fiquei louca. Ou pelo menos não piorei. Explico o porquê dessa declaração bombástica: hoje eu fui ao ginecologista.
Desde os doze anos eu vou ao ginecologista. O primeiro era um médico muito bonito, de voz agradável, olhos azuis e grandes mãos brancas manicuradas. Falávamos horas, sobre tudo, era quase uma espécie de terapeuta, aliás, ele sacava tudo de universo feminino e falava com toda a propriedade. Totalmente gay, é claro. Ele preferia plantar bananeira no chão do que fazer exame de lâmina, o que era muito compreensível e desejável. Fiquei com ele durante muito tempo e acabei mudando pro pior tipo de médico do mundo: aquele que é seu parente. Uma prima, uma tosca. Mas parecia competente, daquela que falava tudo olhando na sua cara, sem metáforas, sem delicadeza, sem pudores. Acabou sendo uma intervenção muito positiva na minha vida, mas eu não reclamarei se nunca mais tiver que ver a megera.
Hoje fui na minha nova médica. Oi, tudo bem, como é que vai, histórico de doenças, remédios que toma, dores, intestino, anticoncepcional, ok, vai no banheiro, tira toda a roupa e veste o avental.
Senhores, o avental. O que é aquela coisa, eu pergunto. O de hoje tinha listras azuis, totalmente adorável. Imagina só, entrar num banheiro estranho, tirar toda a roupa, vestir um pedacinho de algodão frágil aberto nas costas e se encaminhar pra outra sala do consultório, onde fica uma cadeira que mais parece instrumento de tortura. Ah, mas antes da cadeira, a balança, o temido ser que sempre nos dá más notícias e suga a nossa auto estima. Maldita.
Depois da balança, não tem mais o que escapar, o jeito é subir na cadeira mesmo. Mas antes de deitar - todos os requintes de crueldade - ela manda você tirar a parte de cima do avental pra examinar os seios. A mão fria, pega daqui, apalpa dali, cutuca, aperta e anuncia que tá tudo bem com "eles". Aí é chegado o momento tenebroso. A cadeira. Reclinada que nem cama, com dois estribos altos pra colocar as pernas. Você dá um jeito de subir naquilo, coloca as pernas no lugar indicado e olha pro teto. Mas não é suficiente a humilhação até ali, você tem que escutar isso: "chega o bumbum mais pra frente, pra abrir mais, senão eu não enxergo". Você contém um suspiro e obedece. Aí ela volta à carga: "não faça movimentos de fechar as pernas nem contraia o bumbum, senão fecha a parede da vagina e vamos ser duas forças opostas brigando uma contra a outra". Oh, céus, eu mereço.
Até ali está bem ruim e você pensa que não pode piorar. Mas piora. Ela enfia um espéculo de metal frio lá embaixo e você tem que lutar firmemente pra não contrair TUDO. E segue piorando. Ela liga um monitorzinho e anuncia que vai fazer um exame chamado colposcopia, que nada mais é que enfiar uma mini câmera dentro da vagina pra examinar o colo do útero de perto. Que prosaico, não? E como se não bastasse ela ficar vendo o cólo do útero pela camerazinha, ainda te coloca pra ver também e vai explicando cada bolinha vermelha que aparece.
PORRA, SE EU QUISESSE SABER QUE CARA TINHA UM COLO DE ÚTERO, EU TINHA FEITO MEDICINA, CARALEO!!!!
Depois daquilo tudo, descer da cadeira, voltar pro banheiro, se vestir, encerrar a consulta. E sai de lá sentindo ainda o ressentimento por causa do espéculo de metal e da camerazinha. Pô, será que é pedir demais querer que apenas CARNE passe por ali, seja saindo ou seja entrando? Ok, alguém vai me dizer que é importante, que previne o câncer, cuida de doenças, se vive mais tempo. E eu respondo: antigamente, as mulheres morriam quando tinham que morrer depois de ter sentido ao longo da vida entre as pernas apenas pênis e filhos, que são as coisas naturais. O resto é invenção humana moderna. E eu não gosto nada nada de objetos não identificados e muito menos não queridos se esgueirando pra dentro de mim, ora bolas. Dá pra entender?
11 comentários:
Também era natural morrer aos 30.
E eu só tô enchendo teu saco pra te irritar, já que a gente não tem que fazer nada disso.
Se bem que daqui uns 25 anos eu vou ter que fazer um post sobre exame de próstata e vou copiar o seu.
eu não sei nada sobre "ir ao Ginecologista"...
então, da próxima vez que fizer um post deste tamanho,
coloque fotos tmb =)
Hahahahahah, mas isso é muito subjetivo. Depende do grau que sodomia que uma pessoa suporta ou não... :oP
*desvia da pedrada*
Como bem disse o Eric: exame de próstata.
E vocês, mulheres, ainda reclamam.
25 anos, Eric? Com 40 vai rolar.
Outra coisa: intriduzam instrumentos de metal em locais íntimos, depois venham dizer que a gente reclama demais.
O problema é que médicos não entendem que as pessoas precisam de um drinque pra relaxar, umas coisas gostosas sussurradas no ouvido, uma abordagem mais hot. Em outras palavras, ginecologistas e proctologistas não sabem que tem de rolar um clima. E o que é pior: não telefonam na manhã seguinte.
Tem um lugar onde você pode demonstrar seu ódio!! http://euodeiovoce.com.br
[]'s
Interessante.
Estou do outro lado e consigo compreender pessoas que se sentem muito invadidas com esse exame.
Mas, claro, submeter-se ou não a ele é uma opção, né? COmo tudo na vida.
Bom final de semana, espero que o resultado de seus exames tenham sido bons para não ter de repetir a sessão mazoqista tão cedo.
;)
Tita
muito interessante. essa de camerazinha não sabia... mas eu acho que tb não gostaria de ver nao.
sbe de uma coisa, vc tem razao, antes o que entrava e saia eram pênis e filhos... rsrs eu nem tive isso de filho sainda daí, tive parto por cesariana...rsrs
e os outros comentários, hilários...
exames de próstata... não chega aos pés, ou chega...sempre ouço dizer que o pior é gostar do tal exame e querer voltar sempre...rsrs brincadeirinha..
bem, eu não conhecia esse blogger, gostei... vou ver se participo mais vezes.
oi, bem somos um pouco identicas na parte de mal-humoradas-cronicas, no seu caso eu teria feito uma revolta dizia.lhe para enfiar esses espéculo frio la no boraco dela para ver se ela ia gustar... secalhar ate ficaria entusiasmada.!
bom contudo achei o seu texto bastante interesante tambem estou a espera da minha consulta de ginecologia... sinto uma adernalina de revolta pois para nao bastar vou ser invadida por essa camera de filmar, como tambem vou me sentir invadida por uma mulher :/
pessimo puxaaa
fica bem
Olá,
Se o seu médico gravou as imagens com a "camerazinha", vc poderia pegar elas e postar para nós ? muito obrigado ; )
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