terça-feira, março 03, 2009

Um momento para as lágrimas

Às vezes me dá vontade de te escrever cartas. Cartas que talvez milagrosamente pudessem fazê-lo entender aquilo que eu sinto e não consigo expressar direito. Cartas que tivessem o condão de fazer com que você também sentisse aquela coisa besta e sem sentido que às vezes me faz ficar amuada e me impede de dormir quando as luzes se apagam. Cartas que explicassem o que me faz chorar - muitas vezes em silêncio - e que você não entende quase sempre (sim, eu percebo). Se cartas pudessem trazer algum bem, talvez eu as escrevesse. Mas quase sempre elas se mostram inócuas, talvez por deficiência daquela que as escreveu e não soube imprimir nelas nada de mágico e transformador. Muitas vezes cartas só servem mesmo para desabafar, pra dar um tempo determinado praquele choro acabar - o tempo da carta terminar, depois disso enxugue tudo e cale a boca, ao menos até a próxima vez. E você nem gosta de cartas, eu sei. Mas eu também sei, já aprendi, que muitas vezes você é o ensejo para que as cartas nasçam. Às vezes você me deixa sozinha, me diz de um jeito sutil que eu estou exagerando, ou me importando com besteiras ou que você não está mesmo entendendo nada do que eu estou falando e isso faz com que as cartas sejam necessárias. Para colocar as idéias em ordem, pra colocar pra fora o que ficou entalado na garganta e não deu tempo de sair porque o tempo pra falar acabou. Às vezes você não deixa. Às vezes eu queria sentir um pouco menos e pensar um pouco mais. Ou talvez parar de pensar tanto, também. Acho que eu sofreria menos. Mas será que um dia você vai entender finalmente que o meu jeito de me relacionar com as coisas é através de catarse? Que eu só entendo o mundo me colocando nas mais diversas situações, estimulando meus sentimentos pra ver o resultado? Dá pra entender que esse é o meu jeito de me conhecer e conhecer a vida? E que você podia responder na mesma medida só de vez em quando? É, talvez isso seja um saco e eu peço desculpas por isso. Eu garanto que também me canso de ficar sozinha no escuro açoitada por um monte de coisas ruins em vez de abraçar o travesseiro e dormir sossegada. E, mais que tudo, eu me canso de me sentir sozinha.

Um comentário:

Andréa Paes disse...

Sozinha?
Alo-owwwwww!!!
Eu to aqui, tá?
humpf!
(ok... 5 dias atrasada, mas to aqui, viu?)
beijo na testa!