segunda-feira, janeiro 14, 2008

Catarse cinematográfica

Eu to com um pequeno problema. Descobri sexta feira à noite que não estou conseguindo mais assistir a qualquer filme.

Eu sempre gostei de comédia romântica, por mais descartáveis que elas fossem, porque depois de algumas risadas, acabava tudo bem e, afinal de contas, muitas vezes é pra isso que serve o cinema - pra saciar, pelo menos um pouco, a nossa sede por finais felizes. Por outro lado, assistir a filmes cheios de desgraças em que o mocinho só se fode também era bom, porque, além das diversas reflexões que pudessem suscitar, despertavam um sentimento de "ufa, eu tô até bem!" quando subiam os créditos.

Mas isso agora já era. Eu vejo um filme besta que nem é Must Love Dogs, por exemplo, e fico com uma sensação muito ruim, com um puta gosto amargo na boca. Porque por mais que eu ache divertida a parte em que dá tudo errado, aquela sutil transição que ocorre em todo filme desse tipo, quando as coisas começam a melhorar, em que a trilha sonora muda e em que o personagem começa a ficar mais feliz, não me carrega junto mais. Eu assisto totalmente alheia à vida do cara, que era toda ferrada, se ajeitar. Ele fica com a mocinha e vive feliz pra sempre, e eu sequer consigo reclamar. Não, não tem problema nenhum, o roteiro é bom, os atores também (Diane Lane e John Cusack, por exemplo), o filme ficou bem feitinho, mas... não me toca. Aliás, minto, toca sim. A felicidade alheia - mesmo que de mentirinha - me chateia. Eu penso: cara, acho melhor eu me preparar pra virar a bruxa do João e Maria, vivendo sozinha no meio da floresta numa casa de doces e aprisionando crianças na gaiola pra assar no forno e comer.

E isso também rola com um filme cheio de desgraça que nem o o Mrs. Harris (com a Annete Benning), que eu assisti ontem, por exemplo. Um filme em que a mulher se apaixona pelo cara - aliás, pelo careca, baixinho e narigudo do Ben Kingsley, cruz credo! - que não é muito afeito a intimidades, os dois namoram, ele a pede em casamento, muda de idéia e ela fica os próximos quinze anos namorando o cara "sem exclusividade" e vivendo com ele sem estar realmente com ele. Fica paranóica, deprimida, solitária, infeliz e mal amada. Por fim, quando ela resolve se matar, vai até a casa dele pra se despedir, o tiro acaba pegando nele e o cara morre. Resultado: ela é julgada, condenada e fica presa até os 69 anos. Aí você me pergunta: o que isso tem a ver com você, criatura??? Bom... nada, eu provavelmente direi. Mas não é a coisa específica que me atinge, é a desgraça genérica - eu me identifico! Basta o sofrimento. To na merda!


Aí fodeu, né? Porque de filme de guerra eu não gosto - um dos poucos de que eu gostei foi o Círculo de Fogo (Enemy at the Gates) - filme de terror eu não assisto, filme de artes marciais eu abomino...acabam restando:

1. as comédias respeitáveis;
2. os besteiróis
3. as ficções científicas levando em conta que eu não gosto de Star Wars;
4. as nerdices tipo filmes inspirados em heróis de quadrinhos;
5. os filmes tipo The Departed em que morre todo mundo mesmo e pronto, acabou;
6. os musicais em que a estrela é a música e os dramas não passam de pano de fundo;
7. os thrillers de serial killer com o Morgan Freeman;
8. os desenhos animados da Pixar.

Ah, claro, isso tudo sem mencionar que outro dia, num arroubo de boa vontade e reverência com o cinema brasileiro, eu me sentei cinco minutos diante da televisão pra assistir "Ó Paí ó". Meus amigos, o que é aquilo, pelamordedeus??? Não há Lázaro Ramos e Wagner Moura, nem ufanismo pelo cinema nacional que compense uma porcaria daquele tamanho, misericórdia!

Aliás, preciso analisar se aqueles minutos não me deixaram mais sequelada do que eu já era!...rs

7 comentários:

Anônimo disse...

"que eu não gosto de Star Wars"

E não gosta de cinema. =P

Gabi Bianco disse...

Olha, assiste Saneamento Básico, que é bem mais engraçadinho. E esquece, eu tbem não assisto dramas dramáticos porque me deprimem. Mas comédias românticas até descem... se forem com a Drew Barrymore.

Andréa Paes εїз disse...

Eu acho que não vou comentar...
Bem... VOU!

Não vejo histórias... vejo cinema: fotografia, trilha, roteiro (óbvio!), (d)efeitos visuais, som, enredo, atuação, direção(o que eu considero primordial!)...

Mas... cada filme foi feito pra se assisitir em ocasiões específicas. Até mesmo aqueles que a gente não tem de pensar... rs

E neste momento, depois do spoiler de Mr. Harris (eu ainda esgano vc por isso!) eu, na boa... ficaria indignada com o final!

Assim... eu ainda esgano vc!

.leticia santinon disse...

Eu ainda consigo assistir a bastante filmes. Você gosta de Almodóvar? Se gostar ou não conhecer, assista FALE COM ELA, é bem sofrido, mas eu gosto desse sofrimento. Talvez seja maníaca depressiva.

Encontrei seu blog no google por acaso, muito bom. Parabéns, voltarei mais vezes.

Mavi disse...

Já que todo mundo deu dica, lá vai a minha, assiste Vida de Menina, é nacional, é baseado no diário duma guria da época da proclamação da república no Brasil. Eu gostei pra caramba, é diferente...

Jo disse...

ALGUMA COISA CONTRA NERDICES???? *hunf*

Bem... vc não gosta de Star Wars...
Caiu no meu conceito. Vertiginosamente.

Monstro abominável. >.<

Anônimo disse...

tente o telecine Cult