quarta-feira, janeiro 23, 2008

That's Death

Quando me conectei hoje cedo, levei um susto: o Ego, aquele site deprimente de fofocas, tinha me adicionado no Twitter. Eu, hein? Aí, quando fui lá conferir se era aquela merda mesmo, li que o Heath Ledger tinha morrido - susto parte II. Chocante, um cara tão novo, tão bonito, tão vivo. E nem se trata de comoção, nem é por ser ele, nem é aquela questão ridícula de "morreu e virou santo, vamos falar bem dele". Apenas acho triste tamanho desperdício de vida, seja dele ou de qualquer outro.

Aí, estávamos eu e a Jo falando sobre isso no msn, quando abri o email e li um texto do Zander que me doeu. Aliás, o Zander é mestre em me enfiar a faca com as coisas que ele escreve. E, na verdade, eu deveria falar um pouco sobre esses dois personagens, mesmo que o tema do post seja meio esquisito pra isso. Jo me chegou através de um cara que não vale absolutamente a pena, caiu de pára-quedas no meio da lona do meu circo se dizendo minha fã e o resultado é que hoje eu sou apaixonada por ela. Uma pessoa de sensibilidade, inteligência e senso de humor raros. Nem sei se ela se dá conta, mas o fato dela gostar do que eu escrevo é um elogio gigante que prescinde de palavras, porque eu a tenho na mais alta conta. Zander, por outro lado, é uma farsa. Ou isso é o que ele gostaria que as pessoas pensassem. Ele é meu Amigo e quem é fã nesse caso sou eu porque ele consegue dizer umas coisas fantásticas de um jeito todo particular. Mas isso só nas crônicas fodas que ele escreve que acabam com a minha vida, porque no msn ele é monossilábico, nos comentários dos blogs alheios é um chato de galocha, por email ele pede votos pro IBest e na mesa do bar diz coisas absurdas como, por exemplo, ter um "anjinho barroco". Anyway.

Voltando à vaca fria. Ou morta. Estava eu conversando com a Jo, mostrei pra ela o texto do Zander e ela me chamou a atenção sobre como ele também era sobre morte. Mortes estúpidas das pessoas que já fomos, de pedaços nossos que ficaram pra trás, de situações que mudaram, momentos que se perderam. E eu fiquei pensando nisso. Na verdade eu me conformo menos com situações que morrem do que com pessoas, as primeiras me deixam maior pesar e maior saudade que as segundas. Sei lá, morte em si é pra mim um negócio menos mau que pra maioria das pessoas, eu acho. Talvez porque não ache que é o fim de tudo e tals. Claro, ainda acho estranho quem tatua a imagem dela no braço, mas em se tratando de quem é, não poderia esperar nada mais...singular.

A Morte a la Sandman*

Eu tenho a maior pena de algumas coisas da minha vida que morreram. E também das coisas que estão morrendo agora, enquanto eu digito. Minhas esperanças e sonhos, meus amigos, minhas células e idéias, meu tempo. Este último morre o tempo todo, sem menções honrosas ou desonrosas, e muito me angustia que ele morra, porque a sensação de desperdício é ainda maior. Gigantesca na verdade, intolerável. E quando me ponho a refletir sobre a morte do tempo - ou da bezerra, como diria a minha mãe - é inevitável que eu lamente tudo o mais que foi junto com ele e que ainda vai. As Lívias que eu já fui, as risadas que elas deram, os abraços que receberam, as oportunidades que se foram. Morreram e agora só existem na memória - na minha e na das pessoas que estavam lá naquele momento.

Mas o papo com a Jo nunca é linear e nunca pára na superfície. Conversando, chegamos no ponto em que ambas admitimos já termos tido as idéias mórbidas que se têm quando pensamos: "e se eu morrer de repente?" Eu disse que vou elaborar uma lista das pessoas a serem avisadas, pra não serem pegas de surpresa "O QUE? A Lívia morreu?? Mas eu falei com ela ontem!". Ela disse que já escolheu a música do funeral dela - que, diga-se de passagem é um sarro e está no vídeo aí embaixo - e, portanto, pessoas, não copiem a idéia da Jo, escolham suas próprias músicas fúnebres.



That's Death - Letra AQUI

Eu não sei qual das duas é pior. Por via das dúvidas, internem ambas.

Em todo o caso, se você é meu amigo, eu morrer de repente e ninguém te avisar, tenha a certeza: a culpa é da minha mãe, ok? Porque EU certamente lembrei de colocar seu nome na lista.


*desenho de Fábio Yabu, emprestado do blog da Marisa Toma.

2 comentários:

Eric disse...

Isso me deu uma idéia pra outro especial.

Anônimo disse...

É como diz o velho ditado: para morrer, basta estar vivo e jogar um tijolo a uma altura de 12 metros esperando que ele caia na sua cabeça. Quer dizer, na minha nem vale tanto, mas...