"- O que eu perdi, acho eu, foi uma outra vida inteira.
- Acontece com todos nós. A cada momento de cada dia. Cada decisão que tomamos, cada vez que respiramos, abre algumas portas e fecha várias outras. Não percebemos a maioria, mas notamos algumas. Acho que você percebeu uma delas.
- Ah, sim, e como — respondeu Tricia. — Vamos lá, eu vou contar. É muito simples. Há vários anos eu conheci um cara em uma festa. Ele disse que era de outro planeta e perguntou se eu queria ir embora com ele. Eu disse tá, tudo bem. Era uma senhora festa. Pedi pra ele esperar um pouquinho enquanto eu ia buscar minha bolsa, depois iria com ele numa boa para outro planeta. Ele disse que eu não ia precisar da bolsa. Respondi que ele com certeza devia vir de um lugar muito atrasado ou então saberia que uma mulher sempre precisa carregar sua bolsa. Ele ficou meio impaciente, mas eu não ia me fazer de fácil só porque ele tinha dito que era de outro planeta. Fui até o segundo andar. Demorei um tempo para encontrar a bolsa e depois o banheiro estava ocupado. Quando desci, ele tinha ido embora. - Tricia fez uma pausa.
- E...? — perguntou Gail.
- A porta do jardim estava aberta. Fui lá fora. Havia umas luzes, uma coisa brilhante. Cheguei a tempo de vê-la levantar vôo, partir silenciosa pelas nuvens e desaparecer. E foi isso. Fim da história. Fim de uma vida, início de outra. Mas não passo um minuto desta vida sem imaginar como teria sido a outra Tricia. A que não teria voltado para apanhar a bolsa. Fico achando que ela está lá fora, em algum lugar, e que sou apenas a sua sombra".
Trecho de "Praticamente Inofensiva", a quinta parte do Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams.
Analogias válidas.
Contingências?
Resignação?
E por que será que não me convenço?
5 comentários:
Ele disse que era de outro planeta e perguntou se eu queria ir embora com ele. Eu disse tá, tudo bem.
...mas eu não ia me fazer de fácil só porque ele tinha dito que era de outro planeta.
HHAHAHAH, oi?
Quem não vive assim?
Que nem assistir Labirinto (meu filme favorito de todos os tempos) e ficar me perguntando o que aconteceria se a Sarah tivesse tomado o outro caminho.
E faço isso desde... os cinco anos de idade, mais ou menos. Sobre o filme e sobre a vida. Minha e dos outros...
Ai, cara... penso demais. =P
criativa... do título aos textos...mas, que bunda não é furada??? hehe
bj
Ele tinha de ter perguntado: A bolsa ou outra vida?
Por isso odeio carregar bolsa! Calças e saias, macacões, jardineiras e tudo com muuuuuuuuuuitos bolsos rulez!!! hehe
Vc quer se convencer de q?
ass: Dehynha, a lenta em dias dominicais...
E por isso que eu odeio bolsas... mas nao vivo sem!
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