sábado, julho 07, 2007

Tea for Two

Esta tarde bateram à minha porta devagarinho. Um. Dois. Três. Era Tristeza, uma velha amiga. Talvez amiga seja a palavra errada, já que nem gosto muito dela. Mas quando alguém o conhece há tanto tempo e tão bem quanto ela, é difícil chamá-lo por outro nome que não amigo, ainda que impróprio. Acostumei-me à presença dela, é a verdade. Fica sendo amiga, pois. Bateu à porta e convidei-a a tomar chá. Sentamo-nos e houve um silêncio prolongado. Sem constrangimento, sem desconforto. Apenas intimidade, entendimento. Ela sabia que eu não queria falar. Somente fez-me companhia. A noite foi caindo e ela acendeu os abajoures. Sentia-se em casa, tão assídua era naquela sala. Escolheu um disco de blues azul e ofereceu-me o colo, sem dizer palavra. Deixei-a acariciar-me os cabelos por longas horas, até que bateram novamente à porta. Tristeza beijou-me em despedida e abriu a porta, dando passagem a Solidão, meu fiel companheiro noturno, com quem divido a minha insônia.


Lívia Santana.
julho/2005


Acho que a minha vida é cíclica.
Os meus acompanhantes de dois anos atrás estão novamente aqui.
Até que eu consiga sorrir de novo sem nenhum traço de amargura.
Aí estarei curada.

Um comentário:

Andréa Paes εїз disse...

Tá... vou te ensinar um segredo: BOTA UMA VASSOURA ATRÁS DA PORTA! Visitas indesejadas vão embora rápido! hehe

Não crê em Bruxas?

Beijinhos,