terça-feira, maio 06, 2008

Mal Crônico

Sabe, é engraçado. Eu estou feliz. Mesmo, de verdade. Eu faço 25 anos no mês que vem, tenho profissão, amigos, um cara legal do meu lado e, o mais importante, METAS. Sim, você aí, não leu errado. Eu TENHO metas. De curto, médio e de longo prazo. Hã? Como assim, "quem é você e o que você fez com a Lívia?". Eu, hein? Minha avó diria pra você: "me mira, mas me erra". Rá, mineirices rules.

Mas, voltando ao assunto. Eu TO feliz. Mas tem uma coisa que some por algum tempo de vez em quando, mas nunca vai embora de vez. Como se dentro de mim houvesse um bicho. Não, não estou grávida, não me refiro ao Alien e nem a uma tênia solitária (ugh! nojento!). Estou falando de uma coisa que ciclicamente vem à tona, não importa qual seja a minha realidade, não importa que eu esteja realmente feliz no resto do tempo.

É, é isso. Dentro de mim mora um bicho. Que vira-e-mexe estraga minhas coisas, me faz desapaixonar das minhas empreitadas - e não das pessoas, não confunda essa declaração com uma possível mudança na perfeição irritante da minha vida amorosa neste momento - perder a paciência com as pessoas e ficar ainda mais introspectiva durante algum tempo. Também faz as noites ficarem mais frias e mais vazias do que são de verdade, e faz a vidraça embaçar com um misto de respiração e tristeza. Uma tristeza fininha, sem motivo definido, mas que não deixa de colocar um travo na garganta e um suspiro fundo e intermitente grudado no peito que nem catarro (é, hoje estou dada a nojeiras).

Quem me conhece sabe que sou capaz de ficar eufórica e deslumbrada que nem criança. E também sabe que eu vou da crista da onda ao fundo do vale num piscar de olhos. O negócio é que eu preciso constantemente de desafios novos, ou perco o interesse. Se bem que eu acabei de me dar conta de uma coisa: não bastam os desafios, eu preciso é de estímulos, que me instiguem a fazer algo, mas que me proporcionem recompensas, também.

Às vezes dá uma vontade danada de parar de brincar. Sabe, que nem criança? Apelar, pegar a bola, colocar de baixo do braço, chamar todo mundo de "feio, bobo, chato e fedido" e ir embora pra minha casa, com a certeza de que eu estraguei a brincadeira de todo mundo, ou pelo menos, criei um impasse grande o bastante até arrumarem alguém que tenha uma bola pra emprestar e colocarem no meu lugar.

Puxa, vida, tem horas que eu só quero ir pra casa. Onde eu posso chutar longe aqueles sapatos doloridos que fizeram uma bolha no meu pé, tomar um banho quente e me esticar na cama, sem precisar acertar relógio nenhum pra tocar amanhã cedo. Mas isso nem existe, eu não mereço tanto. Ou talvez isso fique em Pasárgada, o que é bom, porque na cama onde eu vou me esticar estará o homem que escolhi, lendo um livro cheio de cientistas e canibais e dando risada de vez em quando.

O mais chato de tudo isso é que quando o bicho se manifesta, trazendo consigo essa sensação de saco-cheio, frustração, solidão, tristeza e saudade, tudo junto e misturado, eu me conheço: não tem nada que dê jeito. A não ser os braços do ogro amado, é claro. Mas como não dá, melhor eu ir pra cama. Porque nesses dias eu fico chata pra caralho.

6 comentários:

Sil disse...

Em algum ponto do seu texto eu me identifiquei, quando vc diz que "precisa de estimulos que te instiguem a fazer algo", eu sou exatamente assim.

Andréa Paes εїз disse...

Qdo li: "estou feliz", nem quis terminar o parágrafo. Fui em frente, como corajosa que sou! :) Aí capoftei qdo vc disse que agora tem METAS. (CAPOFT de novo). Consegui me recuperar (e olha que to gripadérrima!) e continuei...

Aí... foi qdo vc mencionou o "bicho" dentro de vc. == E salpicou coisas nojentas... tão nojentas qto limpar o sovaco na minha frente.... ou o umbigo... (ai... lembrei de uma pegadinha q um obeso comia sopa de lentilha dentro do umbigo!!! aaaaaarrgh!)

- pausa pro dedo na garganta... eca!

Enfim... feio, bobo, chato e fedido é esse bicho aí. O meu tem nome: TPM. O seu eu nem quero saber. E como vc tá chata bagarái, eu vou pra cama! :))

Maieu dolocê memassim, tá?

Anônimo disse...

Todos nós sentimos esse vazio em alguns momentos da vida, mesmo quando está tudo no devido lugar e a gente parece que chegou onde queria. Acho que é isso que nos impulsiona para frente, não nos deixa estagnados no mesmo lugar comum, "com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar". No fundo temos medo da felicidade plena. Outro dia vi uma entrevista comum pscicanalista na Marília Gabriela que dizia que esse medo vem desde o dia que nascemos. Nós estávamos em um lugar quentinho, confortável e com tudo mais que necessitávamos e de repente aquele BOOM de luzes, barulhos, frio... interrompe abruptamente nossa plenitude. E essa memória fica registrada, assim toda vez que está tudo lindo na nossa vida, a gente prefere fazer uma merda e estragar logo tudo antes que o BOOM aconteça de novo, porque francamente dois BOONS desses na vida ninguém merece. Beijos, Piu.

Rodrigo Novaes de Almeida disse...

Bem, entrei nesta caixinha só pra dizer que achei o "Uma tristeza fininha" um achado maravilhoso, aí fui ler a doutora Piu logo acima. Não imaginava que ela tinha virado filósofo. Nem me avisou a novidade rsrsrs Por mim essa parada do BOOM podia ser todo dia. Vida boa. Cheia de fúria e pontes safenas kkkkkkkkk

Beijos =)

Anônimo disse...

Olha, escute um cara aqui que já tem pra lá de quarenta e tomou muita surra: você é feliz.

Muito legal seu blog. Vim pelos linsks do PD.

Abraços.

Jo disse...

E eu achava que era só comigo...