segunda-feira, maio 26, 2008
O Mundo, o sábio e o leão.
Era uma vez uma menina que desejava abraçar o mundo com as pernas e por isso sonhava com pernas que fossem mais compridas. Tentou de muitos jeitos alongar as pernas pra conseguir abarcar o mundo. Perdeu a conta das tentativas frustradas e dos estiramentos musculares. E quando tinha começado a imaginar se o segredo não seria achar um mundo que lhe fosse mais proporcional, encontrou um sábio sentado sob uma árvore e ele lhe contou um grande segredo: o mundo não era pra ser abraçado. Era pra ser sorvido, em grandes goles e largos haustos. Mas, pra isso, ela precisava atravessar um deserto planáltico sob um sol efervescente e matar o leão mágico que morava numa caverna escura e que renascia todos os dias, espreitando à espera de uma brecha pra abocanhá-la pelo pescoço. O sábio falou demoradamente sobre o sol e as areias causticantes, as garras e presas do leão, pintou os perigos em cores fortes e vivas. Foi duro, cruel e por momentos pareceu seriamente decidido a dissuadir a menina da travessia. Mas se ela desistisse, não haveria mais pra onde caminhar nem o que buscar. Tudo perderia o sentido. E, apesar de apavorada com as palavras do sábio, ela proferiu uma prece muda pra que os deuses a amparassem e pra que fosse forte o suficiente. Olhou nos olhos do sábio e vaticiou: "Eu vou". E, pra seu espanto total, ele emitiu um suspiro, levantou-se do chão, pegou o cajado e retrucou: "Ta bom. Então eu vou com você. Mas não diga que eu não avisei".
Um comentário:
Pequena menina, problemas no deserto achar você vai. Temores e holocaustos passar você pode. A mão na minha pousar você deve. Acalentar seu coração irei eu. Amar-te em todos os momentos eu vou. Caminhar você deve, objetivo alcançar você vai.
O Sábio Balconista.
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